O evento registou 216 inscritos, provenientes de todo o território continental e das Regiões Autónomas, reunindo autarquias locais (86 inscritos), organismos da administração central (37), empresas privadas (31), entidades intermunicipais (10), entidades de nível regional (6), empresas municipais (6) e outras organizações públicas e privadas, num retrato abrangente do ecossistema urbano português. Apesar do temporal que atingiu quase todo o país nesse dia, a sessão contou com mais de uma centena de participantes presentes no auditório, demonstrando o elevado interesse nacional pelas oportunidades de inovação urbana apoiadas pela EUI.
A abertura do evento foi assegurada pela Diretora-Geral do Território, Fernanda do Carmo, que sublinhou a importância crescente das Ações Inovadoras como instrumento europeu para testar soluções pioneiras e fortalecer a capacidade das cidades no desenvolvimento urbano sustentável. Na intervenção inicial, referiu que Portugal tem revelado ambição e maturidade estratégica no acesso à EUI, destacando as doze candidaturas nacionais apresentadas no concurso anterior e os quatro projetos portugueses já selecionados nas três primeiras edições: Viana STARTS (Viana do Castelo), SHIFT Coimbra (Coimbra), Co.nTe (Câmara de Lobos) e MOVES-IT (Matosinhos).
Seguiu-se a apresentação do perito Eurico Neves, especialista da EUI para as Ações Inovadoras, que ofereceu uma visão detalhada da evolução do instrumento, dos seus critérios de qualidade e das tendências que têm moldado a seleção de projetos na Europa. O orador destacou que a inovação urbana é entendida tanto como abordagem evolutiva — introduzindo novos elementos em práticas existentes — como abordagem disruptiva, desde que experimental, mensurável e alinhada com estratégias locais e europeias. Sublinhou igualmente a importância de parcerias robustas, modelos de co-criação, envolvimento comunitário e capacidade técnica local como fatores determinantes para o sucesso das candidaturas.
O momento central da tarde foi a mesa-redonda moderada por Tiago Ferreira, também perito da EUI para as Ações Inovadoras, que reuniu representantes das quatro cidades portuguesas com projetos inovadores selecionados:
- Jerusa Lopes, da Câmara Municipal de Viana do Castelo, apresentou o projeto Viana STARTS, explicando como a reconversão do antigo matadouro municipal está a criar um centro de inovação artística, tecnológica e comunitária assente em princípios de circularidade e eficiência energética;
- António Albuquerque, da Câmara Municipal de Coimbra, descreveu o projeto SHIFT Coimbra, baseado num portal turístico com inteligência artificial, num Observatório Laboral para capacitação verde e digital e em novos modelos de certificação para destinos patrimoniais;
- Joel Viana, da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, apresentou o projeto Co.nTe, que mobiliza tecnologias avançadas e participação comunitária para combater a degradação do solo e promover práticas agrícolas resilientes na Madeira;
- Luísa Queirós, da Câmara Municipal de Matosinhos, detalhou o projeto MOVES-IT, focado na criação de um Centro de Inteligência Urbana, na promoção da participação cidadã através de uma competição digital de bairro e na expansão do LABIC como espaço de inovação colaborativa.
Os quatro testemunhos permitiram aos participantes compreender de forma concreta o que distingue uma proposta inovadora, os desafios de implementação e os impactos esperados no território.
A apresentação dedicada ao 4.º Concurso EUI Ações Inovadoras foi conduzida por Marta Magalhães, coordenadora do UCP Portugal. O UCP destacou que o próximo concurso, previsto para o início de 2026, introduz mudanças significativas que o tornam especialmente acessível às cidades portuguesas: elegibilidade alargada a municípios com um mínimo de 25 mil habitantes, possibilidade de agrupamentos de autoridades urbanas, projetos de menor escala financeira e de execução mais curta, simplificação dos mecanismos administrativos e um enfoque explícito na inovação local, permitindo que soluções já testadas noutros países possam ser consideradas inovadoras se forem inéditas no contexto urbano da cidade candidata. Este concurso terá ainda ligação direta à nova EU Agenda for Cities e funcionará como laboratório estratégico para a definição das políticas urbanas europeias pós-2027.
Na sessão de Perguntas & Respostas, dirigida por Gonçalo Crisóstomo, em representação do UCP Portugal, foram abordados temas relacionados com elegibilidade, parcerias e articulação com estratégias municipais, sublinhando a importância de as cidades prepararem desde já os seus processos internos, consolidar equipas e identificar desafios prioritários com base em dados e diagnósticos locais robustos.
O encerramento esteve a cargo da Subdiretora-Geral do Território, Ana Seixas, que reforçou a relevância estratégica da próxima edição do concurso e sublinhou que as mudanças introduzidas vão ao encontro da realidade territorial portuguesa, permitindo que cidades pequenas e médias possam participar de forma mais competitiva. Destacou ainda que a preparação antecipada — envolvendo diagnósticos claros, parcerias sólidas e capacidade de execução — será determinante para candidaturas bem-sucedidas, reiterando o compromisso da DGT, enquanto Ponto de Contacto Urbano nacional, em apoiar as autoridades urbanas neste percurso.
O evento demonstrou forte interesse e envolvimento por parte dos participantes, refletindo o dinamismo crescente das cidades portuguesas no domínio da inovação urbana e o papel fundamental da DGT na disseminação de conhecimento e no apoio à participação informada e qualificada das autoridades urbanas portuguesas na Iniciativa Urbana Europeia. >>> (Re)veja as Apresentações.
